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1.           A Terra no Universo

 

Neil Armstrong descreveu a Terra como uma «jóia do espaço» quando esteve na Lua, com os seus oceanos dum azul profundo e os seus continentes verdes-castanhos, cobertos em grande parte da superfície pelas camadas nublosas brancas. Mas, para além da beleza própria, a Terra apresenta condições para a evolução de formas de vida, caso único conhecido no nosso sistema solar e no Universo. E é esse o principal ponto de interesse que a Terra oferece.

 

-         Inicio do mundo terrestre

 

Ínfimo grão de pó no nosso universo, a Terra é o terceiro planeta a contar do sol a uma distância de 149,6 milhões de quilómetros, situado entre Vénus e Marte. Formou-se há 4,6 biliões de ano, a partir duma reunião de numerosas partículas de pó num processo de condensação e de colisão. Ocorreu depois fenómenos particulares importantes que tiveram por consequência de originar a vida (actividade vulcânica, reacções químicas, etc.), caso único ao que se parece no nosso sistema solar. Através um lento processo de evolução, nasceu a raça humana, o Homem, cuja principal qualidade é ter inteligência e capacidade de se questionar sobre tudo o que o rodeia, e tentar procurar respostas.

 

-         A Terra é redonda (ou quase redonda)

 

Por isso, desde cedo os Homens interessaram-se pelo seu planeta Terra. Foi no tempo dos gregos (há sensivelmente 2000 anos) que a ciência que estuda a Terra se desenvolveu. Este povo intelectualmente civilizado possuiu grandes filósofos, historiadores e também geógrafos (em grego, geo = terra, graphein = descrever). Perto de 500 a. C. cientistas da escola de Pitágoras começaram a suspeitar que a Terra era redonda. Mais tarde, Aristóteles (384 a. C. a 322 a. C.) confirmou este facto ao ver os barcos desaparecerem no horizonte. Mas foi Eratosthenes (230 a. C.) o primeiro a avaliar com precisão o tamanho dela. Os seus cálculos são surpreendentemente quase exactos. Eratosthenes avaliou o raio equatorial e o raio polar em 6400 km, e a circunferência equatorial e polar em 40000 km. Na realidade, os números são de 6378 km para o raio equatorial, 6357 para o raio polar, 40076 para a circunferência equatorial e 40008 para a circunferência polar. A Terra tem então um tamanho razoável, é o quinto maior planeta do nosso sistema solar (o maior é Júpiter com um diâmetro de 142980 km e o mais pequeno é Plutão com um diâmetro de 2300 km). Só 1000 anos depois em 1520 é que houve a confirmação de que a Terra era bem redonda quando Fernão de Magalhães deu a volta ao mundo.

Assim, Eratosthenes errou por pouco nos seus cálculos. Mas o que ele e os seus contemporâneos não sabiam é que a Terra não é bem redonda, daí a diferença entre o raio equatorial e o raio polar. O raio polar é ligeiramente mais pequeno, o que significa que há um aplanamento nos pólos. Esse aplanamento existe devido à rotação da Terra sobre si própria que origina um elasticamente. Mas recentemente certos cientistas rejeitam essa teoria por não haver correlação dos dados com os outros planetas do sistema solar (se há um aplanamento dos pólos da Terra, o mesmo fenómeno deve ocorrer nos planetas vizinhos, mas na verdade há diferenças), e acrescentam outra. Segundo eles, esse aplanamento seria devido a uma colisão com um asteróide que terá «arrancado» um pedaço da Terra e terá-lo posto em órbita à volta dela. Ou seja, acreditam que a Lua é o pedaço que foi «arrancado» à Terra.

 

-         «De revolutionibus orbium coelestium»

 

Os gregos 200 anos a. C. já suspeitavam que a Terra era redonda mas poucos reconheciam que ela se movia no espaço. Um dos primeiros cientistas a afirmar que a Terra se deslocava no espaço à volta do sol foi o astrónomo grego Aristarcos de Samos (200 a. C.), mas depressa as suas teorias foram esquecidas. Dominaram outras como as Hiparco e sobretudo as de Ptolemeu (100 a. C.) onde convenciam-se de que a Terra era um objecto fixo no Universo.

Após a decadência do mundo grego, surge o mundo árabe que perseguiu e desenvolveu as ideias dos pioneiros. Mas foi um astrónomo europeu mais precisamente polaco, Copérnico (1543) que confirmou que a Terra movia-se à volta do sol. As suas ideias foram desenvolvidas no famoso tratado «De revolutionibus orbium coelestium». Esse tratado foi logo contestado e banido pela igreja católica que o reconheceu apenas em 1830! Afinal, a Terra não estava no centro do Universo...

Assim, a Terra sofre dois fenómenos: o de rotação e o de revolução. Primeiro, gira sobre si própria em 23 horas e 56 minutos mas nem sempre a uma velocidade regular. Essa rotação não é nem longa nem curta em relação aos outros planetas. É média. A Terra é o quinto planeta com a rotação mais longa (o maior tempo de rotação pertence a Vénus com 243 dias e o menor tempo de rotação pertence a Júpiter com 9,8 horas). Na rotação terrestre, nota-se flutuações de décimas de segundo numa escala de tempo de alguns dias, no entanto, essas flutuações são pouco significativas. Este fenómeno permite que todas as regiões conhecem o dia e a noite.

A Terra também gira à volta do sol, a uma velocidade de 29,79 km/seg., em 365,3 dias. A órbita não é exactamente redonda mas elíptica. Está mais perto do sol a 3 de Janeiro (a 147,5 biliões de km) e mais longe a 4 de Julho (a 152,5 biliões de km). Devido à sua inclinação, no dia 21 de Junho as regiões do hemisfério norte são aquelas que recebem mais luminosidade, ou seja, mais horas de sol, (os raios do sol são perpendiculares ao trópico de Câncer) e no dia 22 de Dezembro são as regiões do hemisfério sul (os raios do sol são perpendiculares ao trópico de Capricórnio) Estes dois dias são chamados solstícios. Há depois os equinócios onde os raios solares são perpendiculares ao Equador a 23 de Setembro e a 21 de Março. Nos equinócios, em qualquer lado do mundo, os dias e as noites duram 12 horas cada. Por isso é que existe estações do ano, Primavera, Verão, Outono e Inverno.

2. Características físicas